quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Trem mineiro


por André Felipe Souza Cecílio ( publicado originalmente no Blog Conversa com versos)

Um mineiro só é autêntico depois que viaja de trem. Mesmo que seja uma viagenzinha de Monlevade a Fabriciano. O trem é uma parte essencial da personalidade de toda pessoa que nasce nos domínios de Minas. Por isso, o mineiro que nunca viajou puxado por uma locomotiva, seja das antigas Marias-Fumaça ou das modernas e tecnológicas máquinas atuais, não é e nunca será um mineiro completo até que sinta o leve sacolejar de um vagão em movimento. O mineiro que nunca se deixou levar pelos trilhos convive sempre com a perpétua agonia de quem tem a alma incompleta.

                                        "Maria-Fumaça não canta mais..."

É que o trem carrega em si mais do que apenas passageiros. Em cada vagão, em cada poltrona, tem um pequeno pedaço da história de um povo que nasceu, cresceu e amadureceu convivendo com as idas e vindas da majestosa serpente de ferro por entre as cidadezinhas que se formavam aqui e ali. E, a cada manhã, a locomotiva foi se acostumando a receber e desejar um simpático “bom dia!” em toda estação. E se acostumou, também, a ver gerações de crianças que corriam aos risos e gargalhadas ao seu lado e que, depois, se tornavam jovens a embarcar-lhe em busca de estudos na capital até o dia em que faziam o caminho de volta, já doutores e não tornavam a aparecer até chegada a vez de embarcar os seus filhos, que, há pouco, eram as novas crianças correndo, para completar e reiniciar o ciclo. A vida mineira se vê repetindo e recomeçando em cada estação. Por isso, só um mineiro é capaz de compreender a mistura de tristeza e alegria cantada pelo apito de um trem.

                                     A vida passa como um trem vagaroso

De certa forma, entrar em um trem – não importa em que lugar do mundo – é, também, fazer uma breve viagem por Minas. A confortável monotonia e o passar lento e distante das paisagens do outro lado da janela remetem à própria vida mineira, que passeia igualmente vagarosa pela rua que leva à praça da matriz de uma cidadezinha qualquer; os sorrisos que se abrem nas chegadas às plataformas carregam o mesmo afeto que se encontra nas cozinhas, enquanto se toma um cafezinho à espera da fornada de pão de queijo caseiro; até o “só-não-diga-que-eu-te-disse” feito pelas rodas sobre o trilho também é o mesmo do que aquele que permeia as conversas das comadres às janelas e aos portões. É como se cada trecho de todas as estradas de ferro se passasse em território mineiro.

E todo mineiro, por menos mineiro que se sinta, também carrega todo um trem em si. Assim como um trem, o mineiro entende que não consegue alçar vôos como os aviões, contudo, sabe-se grande como nenhuma aeronave – apesar de nem sempre saber ao certo quanto. Afinal, é a mesma suntuosidade simplória de uma locomotiva em movimento que sustenta o orgulho de um filho de Minas. E, tal qual um bom trem, cada mineiro carrega os seus próprios vagões com suas respectivas cargas e passageiros sem dividi-los ou abandonar um ou outro mais de trás. Um mineiro jamais abandona um vagão, não importa seu tamanho ou seu peso, pois é o mesmo motor que puxa os vagões de um trem que impulsiona o coração de um mineiro (entretanto, talvez seja mais fácil parar um trem inteiro do que um único mineiro determinado).

                              O trem é a metáfora do mineiro, e vice-versa

Mas, assim como o mineiro não se completa sem o trem, uma viagem de trem só é autêntica se for em solo mineiro. Sobre os trilhos de Minas, fica evidente a cumplicidade entre as existências do trem e do mineiro, de Minas e da viagem. A equivalência é tamanha que fica difícil decidir se o trem é a parte do todo que é Minas ou se é o contrário. Talvez o trem seja a metáfora do mineiro, e vice-versa. De qualquer forma, essa é uma percepção à qual se deve chegar sozinho, viajando pelo interior da alma mineira – caminho pelo qual, aliás, só se vagueia de trem. Pois é apenas ao passar entre matas, rios, morros e serras sobre uma estrada de ferro que se têm consciência do universo que é Minas.

Só nessa hora é que se sente a consistência da alma mineira, que é a consistência do ferro sobre o qual corre o trem, do ferro suado pelas montanhas e recolhido pelos vagões; do ferro que alimentou tantos sonhos de ouro, mas que tornou possível um outro sonho que, hoje, chamamos realidade. Esse ferro é o ferro que, acima de tudo, corre nas veias de todo mineiro, mas que só se pode sentir no sacolejar de um trem. E é tão poderosa a força desse ferro que, ao se acomodar em um vagão, até quem nasceu em outros estados ou países se sente um pouco mineiro e suspira, sem querer, “Oh, Minas Gerais!”.


“O maior trem do mundo
Leva minha terra
Para a Alemanha
Leva minha terra
Para o Canadá
Leva minha terra
Para o Japão”  

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Seminário Internacional "Ferrovias, Patrimônio e Documentação"


O Laboratório de Patrimônio Cultural da UNESP e o LABORE/UNICAMP convidam a todos para participar da 2ª etapa do Seminário Internacional "Ferrovias, Patrimônio e Documentação", que será realizado nas cidades de São Paulo, no dia 29/11, e Assis, no dia 1º de dezembro. 

O Seminário visa aprofundar discussões sobre a gestão do patrimônio industrial ferroviário, além de promover o intercâmbio técnico-científico entre diversas instituições nacionais e estrangeiras sobre linhas de pesquisa em história ferroviária e patrimônio industrial.

O evento conta com o apoio do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Não é necessária inscrição para participar do seminário. A entrada é gratuita. Informações pelo e-mail acaoeducativa@arquivoestado.sp.gov.br. Confira a programação no link: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/pdfs/nota_id281_ferrovias.pdf


Atenciosamente,

Núcleo de Comunicação
Arquivo Público do Estado de São Paulo

terça-feira, 14 de junho de 2011

Notícias ferroviárias

 Matéria   publicada no Globo.com em 14/06/2011

Novas regras para ferrovias devem sair até 20 de julho, prevê ANTT

Nova regulação não quebrará contratos atuais com concessionárias. Bernardo Figueiredo diz que modelo atual não atende o mercado.

Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo

O diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, disse nesta terça-feira (14) que as novas regras do marco regulatório para ferrovias devem estar prontas e serem anunciadas no Diário Oficial até 20 de julho.

"20 de julho é a data para a resolução estar no Diário Oficial", afirmou Figueiredo, que participou de evento sobre transporte e logística promovido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

De acordo com Figueiredo, as novas regras estiveram sob consulta pública desde dezembro até o dia 8 de junho, e agora todas as questões levantadas nesse período precisam ser respondidas pela agência antes que o marco seja aprovado e divulgado pela ANTT.

Ainda segundo o diretor, o modelo atual de concessão de ferrovias ao setor privado é ultrapassado porque reflete a época em que foi aprovado, em 1996, em que as ferrovias representavam um ônus para o governo e não uma solução logística.

"O que orientou a onstrução desses modelos de contratos naquela época era muito mais o objetivo que o governo tinha de se livrar do problema que era a ferrovia do que buscar uma solução para o sistema ferroviário nacional", afirma Figueiredo.

Figueiredo disse ainda que a nova regulação  não quebrará nenhum contrato atual com as concessionárias. "Nós não estamos rasgando contrato.  Nós temos muita segurança jurídica com relação ao que está sendo feito", afirmou.

O diretor admitiu, no entanto, que há o risco de as concessionárias que já operam ferrovias usarem a Justiça para recorrer contra as novas regras. "Não sei se elas vão entrar na Justiça, mas acho que esse risco existe", afirmou.

domingo, 5 de junho de 2011

Pela volta dos trens de passageiros

Campanha para a volta dos trens de passageiros no país.

The return of brazilian passenger trains campaign. Veja o vídeo:


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Prefeitura promove passeio na Maria Fumaça no Dia das Mães

Publicado originalmente no site da rádio 94 FM

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Maria Fumaça



A Secretaria Municipal de Cultura obteve uma autorização especial da ALL (América Latina Logística) para promover passeios turísticos da Maria Fumaça neste domingo (08/05), em comemoração ao Dia das Mães.

O secretário Elson Reis explica que ainda não se trata do retorno do projeto, cuja solicitação está em tramitação e sim uma autorização especial comemorativa. Desde setembro de 2008, o passeio não era promovido.

Serão realizados cinco passeios, às 8h, 9h, 10h, 11h e 12h. Haverá entrega de ingressos para controle, meia hora antes dos passeios (7h30, 8h30, 9h30, 10h30, 11h30).

A saída será da estação Bauru-Paulista, próximo à Rua Júlio Prestes, onde devem ser retirados os convites. O local também estará recebendo mais uma edição da Feira Estação Arte.

O passeio turístico tem duração de aproximadamente 40 minutos e inclui visita monitorada ao Museu Ferroviário. O passeio é encerrado com o retorno ao ponto de partida.

sábado, 2 de abril de 2011

Trens da Vida Notícias

Entrevista
Deputado do PT quer que sociedade brasileira discuta ferrovias
30 de Março de 2011 



Clique aqui para ler a entrevista na íntegra.

sábado, 12 de março de 2011

Tom Zé e o Trem das Onze



por Jarbas Novelino Barato  
Faz duas semanas que vi e ouvi Tom Zé num show fantástico. Muita música boa. Muita criatividade. Muita ironia fina e inteligente. Diversão, prazer e reflexão. Como sempre, marcas registradas do grande artista de Irará, Bahia.

Destaco aqui a Volta do Trem das Onze, uma música-homenagem a Adoniran Barbosa. Antes de executar a canção, Tom Zé conversou com o público. Lembrou que os trens já foram o mais importante meio de transporte no Brasil. Denunciou a irresponsabilidade dos governos que sucatearam ferrovias e acabaram com milhares de kilometros de linhas. 
Lembrou que em países muito civilizados, como Suiça e Dinamarca, há trens por toda parte. Há trens nas cidades. Há trens para qualquer cidade. Tudo e todos podem ir de trem. Isso significa menos poluição e melhor qualidade de vida.

Resumi o discurso do Tom Zé. Ele é um ativista dos trens e acredita que bom senso e inteligência farão com que esse meio de transporte volte a ser importante. Na economia. Na vida de cada dia do cidadão. Para mais saber sobre as idéias do artista, segue indicação de reportagem feita pelo O Estado de São Paulo:
A letra de A Volta do Trem das Onze é uma declaração poética das convicções de Tom Zé sobre o papel que os trens precisam desempenhar em nosso mundo:
Pra Iracema em Jaçanã
A esperança parece vã
Mas na maloca, Adoniran
Já se reforça, com tapioca, caldo de rã,
E convoca joca pra derrotar Leviatã e Tio Sam.
De ferro e bronze
O trem das onze
Voltará,
Em Jaçanã bem de manhã
Apitará.
Comemoremos Mato Grosso eu e Joca
Com Iracema e o Arnesto na maloca.
Soja disse que este ano vem
Andar de trem,
E o milho vai querer também
Andar de trem,
Feijão disse que ninguém vai ficar sem
Andar de trem.
Inês e todo o pessoal da Mooca e do Belém
Andar de trem.
Frankfurt, Roma,
Europa forte,
É povo rico de toda sorte,
Tudo barateia nesse transporte;
Até Las Vegas,
Ó trem carregas pra Nova Iorque,
Mas aqui o gringo tirou o trilho
Pra não deixar trem passar.


E para encerrar conversa com boa música, aqui vai o vídeo 
com Tom Zé cantando A Volta do Trem das Onze:

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tragam os trilhos de volta!

Meu amigo Jarbas Novelino Barato, enviou-me esta mensagem encaminhando um belo texto que garimpou. O texto é uma preciosidade e é com prazer que o publico aqui. Tudo a ver! E ele fez a gentileza de traduzi-lo do inglês. O texto por ser um pouco longo está na secção de páginas. Para lê-lo na íntegra clique aqui.

Agradeço muito ao Jarbas e reproduzo abaixo a mensagem com a qual encaminhou o texto sugerindo sua publicação aqui.
Caro Morales,

Estou encaminhando tradução de parte de um ensaio escrito pelo historiador britânico Tony Judt. A matéria foi publicada pelo New York Review of Books dia 13/01/2011.

Judt é autor de várias obras importantes e foi colaborador do NYRB por muitos anos. Nascido em 1948, de pais judeus emigrados da Europa Central, ele foi o primeiro da família a chegar a universidade (estudou em Cambridge). A partir de 1987 fixou residência nos EUA, onde, entre outros trabalhos, foi professor da Universidade de Nova Iorque. Foi sempre um homem de esquerda e no final da vida se declarava um social democrata esclarecido e combatente. Morrroeu ano passado, vítima de uma paralisia progressiva.

Li o artigo de Judt sobre trens e modernidade, e achei que no todo ou em parte ele ficaria muito bem no seu blog, Trens da Vida. Resolvi, por isso, cometer uma tradução da matéria (minha tradução não é um primor pois não é fácil transcrever textos de qualidade para outro idioma). Traduzi apenas uma parte, a que dá destaque ao trem como transporte público. Uma das observações feitas pelo autor é muito interessante. Refiro-me à sua análise do simbolismo das estações de trem. Elas, no século XIX, foram catedrais do modernismo, do capital industrial. Eram prédios que celebravam uma fé civil nas maravilhas da técno-ciência e nas realizações modernizantes do capitalismo.

O artigo de Judt facilita um entendimento de como as ferrovias refletem seu uso nas classes sociais. As velhas estações da época dos barões do café, por exemplo, eram locais refinados de conforto e bom gosto. As estações dos trens metropolitanos são construções descuidadas,feias, desconfortáveis, pois servem apenas a trabalhadores.

Pretendo escrever um texto para comentar o artigo de Judt e fazer pontes entre o que ele observa e a história recente das ferrovias brasileiras. Em todo o processo de estatização e posterior privatização de nossa estradas de ferro, o que sempre esteve ausente foi o caráter público do transporte por via férrea.

Paro por aqui e espero que você publique o material enviado no seu Trens da Vida. Abraço,

Jarbas

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Trem sentimental

Só pelo título do show, sua abertura mereceria estar neste blog. A abertura feita pelo amigo Alcides Mazzini é imperdível. Um porre de nostalgia misturando trens, música e cinema.

Abertura do Show "Trem Sentimental"

"Eis aqui o texto de abertura que escrevi e li para o show "Trem Sentimental", ao lado de grandes e talentosos músicos de Araçatuba." ( Alcides Mazzini)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Trens: sofrimento em expansão

Publicado originalmente no blog dos correspondentes comunitários da Grande São Paulo
http://mural.folha.blog.uol.com.br/

21/01/2011


Trens: sofrimento em expansão

Por Leandro Machado*

O meu maior defeito é ser otimista. Ao acordar, tenho sempre a sensação de que, hoje, finalmente a vida será plena: o pão vai estar quentinho, o chuveiro não queimará, os buracos do meu tênis serão tapados por milagre e, chegando na estação Guaianases, conseguirei embarcar no trem com segurança, no horário certo e sem levar duas ou três cotoveladas no queixo.

Infelizmente, os desejos mais complicados são justamente aqueles que dependem da ação do homem. É mais fácil Deus olhar pelas fendas do meu tênis que alguém se sentir confortável no Expresso Leste da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), por exemplo.

Na entrada da estação Guaianases, enfrento a primeira batalha do dia: uma enorme fila para chegar às catracas. São centenas de pessoas dividindo o espaço e a frustração. “Se bosta valesse alguma coisa, pobre nascia sem bunda”, diz uma senhora, nervosa. Dez minutos depois, consigo passar meu bilhete único na catraca.

                                                            Ilustração: Daniela Araujo


Chego à plataforma, que está lotada. É um mundo de gente se espremendo para ir ao trabalho, à escola, ao hospital... É a nova classe C, tão famosa, que agora estuda, arruma emprego, compra celular, mas usa um transporte público digno de navio negreiro. Ali, na multidão, a vida é um pouco mais dura do que os comerciais do governo.

O trem entra e a expectativa cresce: será que hoje vou sentado? Há seis meses não realizo essa proeza. Conseguir um banco no Expresso Leste é uma luta a ser ganha com empurrões, cotoveladas e má educação. Se não me sentar, vou dividir um metro quadrado com outras 8,4 pessoas, segundo dados da própria CPTM.

Não consegui, mais uma vez. Ficarei em pé, com os braços imóveis, as pernas dormentes e o suor escorrendo pelo rosto. “Gente, não pisem na minha marmita, porque hoje tem ovo”, grita o meu vizinho de metro. Todos riem. O bom-humor das pessoas é um alívio nessas horas: tem gente que não chora nem com o chicote nas costas.

Pelo alto-falante, o condutor avisa que a viagem vai durar 34 minutos. No horário de pico, esse tempo dificilmente é respeitado. Os trens param constantemente, esperando a movimentação da composição à frente, ou ficam nas estações, aguardando o difícil fechamento das portas.

Na metade do caminho, paramos. Ficamos apreensivos, pois é normal o trem quebrar numa hora dessas. Além do desconforto, o Expresso Leste não é confiável: quebra duas ou três vezes por semana. E se isso acontecer agora, meu amigo, o plano de emergência da CPTM não vai funcionar, como sempre. Teremos de descer e caminhar pela via férrea até a estação mais próxima, que pode estar a uns 10 quilômetros. O transporte público de São Paulo tem dessas coisas: às vezes, ele te proporciona aventuras inesperadas.

Por sorte, nada aconteceu. Cinco minutos depois, o trem voltou a funcionar. Não sinto os braços, os pés doem e o suor está molhando meus vizinhos. Finalmente, depois de muita luta, chegamos à estação Luz, 10 minutos acima do tempo estipulado pelo condutor. É um alívio, mas já me sinto cansado às 7h da manhã.

Agora é enfrentar o metrô.



*Leandro Machado, 21, é correspondente comunitário de Ferraz de Vasconcelos.

@machadoleandro

lmachado.mural@gmail.com