segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Estação Paulista de Bauru - Após 100 anos, a reforma

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Matéria originalmente publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região
19/02/2010


Após 100 anos, a reforma

Projeto de restauração na área da Estação da Paulista, que irá abrigar o MIS, foi anunciado ontem, na comemoração dos 100 anos da chegada do primeiro trem a Bauru

Karla Beraldo

Bauru comemorou ontem o centenário da chegada do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro a cidade. Além de celebrar a data, a cerimônia, realizada na plataforma da Estação Ferroviária Paulista, representou a possibilidade de novas viagens por esses trilhos.

Ao som da Orquestra Sinfônica Municipal, o projeto de restauração da área que irá abrigar o Museu da Imagem do Som (MIS) de Bauru foi anunciado e começa a sair do papel. Instalado no prédio da antiga Estação da Paulista (na esquina das ruas Júlio Prestes e Rio Branco), o espaço aguardava a liberação de R$ 396 mil em recursos, de duas emendas do Orçamento da União, destinadas à recuperação do prédio.

“A Caixa Econômica Federal (CEF) já deve liberar a verba na semana que vem para abrirmos o edital de licitação. Nossa estimativa é que de 10 a 12 meses as reformas sejam finalizadas”, afirmou o prefeito Rodrigo Agostinho sobre as obras, que incluem restauro, pintura, troca de madeiramento e fiação entre outras medidas. A previsão é que o museu seja inaugurado no primeiro semestre do ano que vem.

Além do MIS, a área irá abrigar o Museu Histórico Municipal, que, atualmente, está instalado em um imóvel da quadra 13 da rua Antônio Alves. “A intenção é ocupar o espaço com atividades culturais e turísticas, como um passeio de ligação entre o MIS e o Museu Ferroviário”, comenta Jair Aceituno, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico. Para o secretário municipal de Cultura, Pedro Romualdo, a ativação do espaço irá contribuir ainda com a revitalização do Centro da cidade.

“Nossa intenção não é dar vida só aos prédios, mas recuperar todo o ambiente ferroviário, que representa uma parte muita representativa da história de Bauru. Toda a área ao longo da ferrovia tem muitas condições de fortalecer o turismo cultural no centro e contribuir com a economia da cidade”, considera.

Além da Estação Paulista, a de Tibiriça também passará por reforma e será utilizada para atividades turísticas, culturais, esportivas e ecológicas. Já a estação de Val de Palmas, em melhor estado comparada as anteriores, será reformada com recursos da prefeitura. Há ainda, segundo Agostinho, a possibilidade da instalação do Museu do Trem, projeto em fase de discussão.

Comemoração

A comemoração dos 100 anos da chegada a Bauru do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro contou com a presença de autoridades bauruenses, funcionários da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), além de amantes da ferrovia. A cerimônia foi encerrada com o plantio de uma muda de árvore no pátio da estação pelo prefeito Rodrigo Agostinho e Valdomiro Rett, que foi funcionário da Companhia Paulista por 37 anos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

1939 - Ouro Branco em Bauru


“A Canaan dos modernos desbravadores mora no oeste acima, onde o sol é adusto e a terra jovem palpita de seiva pujante e fértil.

Deixando Rubião Junior a diluir-se, lá atraz, no fundo azul da paisagem, batida de claridade forte, as fronteiras dos rincões verazes se abrem, acolhedoras e amplas, aos olhos do viajante. O caminho corre sobre rampas, que volutam caprichosas e constantes vão vencendo velozmente.

A via permanente é uma alameda bem cuidada de jardim, calçada de pedregulho grande, enegrecido pela fuligem das locomotivas; boeiros simétricos, revestido de gramíneas repolhudas e viçosas, ora verde, ora desbotadas, correm parelha com as fitas de aço, farfalhando, pelas mãos do vento, a sua alegria saudável; a cerca de arame farpado, com moirões de guarantan, forma alas uniformes ao comboio que se engolfa sinuosamente; além, e a perder de vista, cafeeiros perfilam tranqüilamente a sua riqueza. Eis a moldura que se rasga perante as retinas do passageiro estreante.

Já ali se vai sentindo a força indômita, e construtora do escravo da gleba. A anunciar belos vaticínios. Mais tarde, a jornada se projeta na placidez de longas retas, e os trilhos parecem enterrar-se, subitamente nas entranhas da terra, lá no baratro arcual do nada. Mas o traçado e a perspectiva guardam sempre o mesmo emlevo de paisagem bem penteada. E depois a alameda do caminho de aço aponta, na frente, as portas da Canaan: Bauru.

Para quem deseja sentir o contacto daquele mundo novo, não é necessário afundar-se pelo sertão impérvio. Basta descer em Bauru.


Logo na estação ferroviária as palpitações de um comércio intenso de viadantes fala expressivamente. A plataforma em construção projeta para o alto as vigas de cimento armado e o comboio se embrenha em um aranhol confuso de andaimes e gilvazes. Ruídos de locomotivas, de sirenas, de martelos de artífices que armam o arcabouço do imenso galpão. No espaço escuro, a caliça densa. E entremeio aquela ruiva nebulosa de poeira, borbulha a multidão afoita. Respira-se já, a febre da Canaan.

A cidade tem a inquietude das grandes vésperas, dos grandes acontecimentos da humanidade; tudo é recente, transitório.

Transitório do bom para o melhor, do grande para o amplo, do rico para o suntuoso.

 
Para aquela inquietude cigana de desbravador é sempre dia, um dia sem limites, ansioso, trepidante, em que as virtudes inatas de trabalho e de realizações do homem, esporeadas pelo desejo de conquistar depressa qualquer coisa de seguro e de sólido, vive à flor dos seus gestos mais comuns.

E ao embalo desse alvoroço de fortuna fácil, a criatura se embriaga numa porfia de titans, criando os fundamentos de um mundo inédito de riqueza, de civilização e de vida. E é para essa Canaan contemporânea que a Sorocabana destina a sua expressão dinâmica mais moça: o Ouro Branco.

Os algodoais noroestinos tem agora, um símbolo próprio a riscar a distância que separa os dois grandes núcleos de trabalho, São Paulo e Noroeste, aproximando o artezão da industria e o bandeirante das terras ubertosas. A Sorocabana foi a primeira ferrovia a abicar Bauru. E é a primeira a nutrir a força propulsora econômica daquelas paragens, com o veículo novo da velocidade.
 Um símbolo moderno de transporte entre as glebas, que a vontade do homem vai rapidamente amanhecendo para grandes destinos, e a cidade paulistana. Eis o Ouro Branco.”


(texto extraído da Revista "Nossa Estrada - mensário oficial da Estrada de ferro Sorocabana - nº11 Maio de 1939)

100 anos do primeiro trem em Bauru


Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região

18/02/2010

100 anos do primeiro trem

A Secretaria Municipal de Cultura celebra hoje, às 15h, na plataforma e pátio da Estação Ferroviária Paulista de Bauru, no início da rua Rio Branco, em frente à feira do rolo, os 100 anos da chegada a Bauru do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Na oportunidade, o prefeito Rodrigo Agostinho e o secretário de Cultura, Pedro Romualdo, apresentarão às autoridasdes bauruenses, imprensa e público interessado o projeto de recuperação da área da ferrovia e utilização cultural e turística do equipamento disponível, com abrangência local e regional.

Além dos dois museus previstos para ocupar espaços do prédio da Estação da Paulista, o complexo deverá reunir o Museu Ferroviário, o Projeto Ferrovia Para Todos e até o turismo ferroviário regional.

A homenagem ao Centenário da Ferrovia Paulsita de Bauru terá participação especial da Orquestra Sinfônica Municipal, que abrirá o evento comemorativo, cuja concretização se deu em 18 de fevereiro de 1910.

O “acontecimento” foi a “mola propulsora” do progresso de Bauru, estabelecendo a cidade como “o maior entroncamento ferroviário do Interior brasileiro”, até da América Latina.

Atualmente, o prédio da antiga estação está cedido ao município e em preparo para a instalação dos museus da Imagem e do Som e Histórico Municipal.

De acordo com Jair Aceituno, diretor do Depto de Patrimônio Histórico, a prefeitura, através da Secretaria de Cultura , já tem verbas para as reformas, resultantes de emendas parlamentares, depositadas na Caixa Econômica Federal (CEF).