sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Lula no trem

Essa independentemente de preferências 
políticas tinha que aparecer no blog!

sábado, 13 de novembro de 2010

BRASIL: O trem pede passagem


REVISTA CARTA CAPITAL

O trem pede passagem

Gerson Freitas Jr

12 de novembro de 2010

Após anos de pouca expansão da malha, o setor ferroviário prevê investimentos superiores a 100 bilhões de reais e almeja uma integração territorial nunca antes vista no País

A viabilidade do trem-bala continua uma incógnita. O governo diz que garante.

“Se sobreviver ao século XX, a ferrovia será o modo de transporte do século XXI.” Quando fez essa afirmação, em 1947, o então presidente da rede ferroviária francesa (SNCS), Louis Armand, manifestava sua preocupação com a ascensão do modelo norte-americano, baseado na indústria automobilística, após a Segunda

Guerra Mundial, e seu impacto sobre o transporte por trilhos. Mais de 50 anos depois, a profecia começa a fazer sentido – para os brasileiros. Após décadas de abandono e falta de perspectivas, o setor ferroviário nacional experimenta dias de euforia com a promessa de altos investimentos nos próximos anos.

Estrangulado pelos gargalos logísticos que atravancam o transporte de cargas e pelos graves problemas de mobilidade nas grandes cidades, o Brasil parece finalmente despertar para a necessidade de acelerar a expansão de sua malha férrea.

Estima-se que os projetos previstos para os próximos anos vão consumir mais de 100 bilhões de reais – quatro vezes mais do que foi investido na última década. O valor, que compreende desde as grandes ferrovias para o transporte de minério no Norte e Nordeste até a expansão do metrô em São Paulo, embute uma novidade: pela primeira vez desde a implantação da ferrovia no Brasil, o investimento no setor de passageiros (75 bilhões de reais) será maior do que no de cargas (30 bilhões de reais).

domingo, 17 de outubro de 2010

Projeto de Museu do Trem é lançado em Bauru



Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região

Projeto de Museu do Trem é lançado em encontro ferroviário
Luciana La Fortezza

17/10/2010

Projeto de Museu do Trem é lançado em encontro ferroviário Luciana La Fortezza A terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru não só reuniu amantes do tema de todo o Estado de São Paulo como também lançou o projeto do Museu do Trem, a ser instalado em parte das antigas oficinas da Noroeste do Brasil (hoje não operacionais), em Bauru. A informação foi prestada por Ricardo Bagnato, vice-presidente da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru (APFFB) e também um dos organizadores do evento.

“A proposta do museu é contar a história das ferrovias por intermédio de exposição sistemática e dinâmica de locomotivas, carros de passageiros, vagões e equipamentos ferroviários. É um grande museu. Há dois anos trabalhamos nesse projeto. Agora estamos partindo para uma reta final de composição para buscarmos recursos e viabilizar a obra”, explica Bagnato. De acordo com ele, serão necessários investimentos de R$ 10 milhões.

“Para esse tipo de projeto é pouco porque é um mega projeto. Projetará Bauru não só em nível nacional, como internacional. Nós temos condição de fazer porque temos patrimônio histórico e acervo”, comenta. De acordo com ele, a associação e a prefeitura vão trabalhar para buscar recursos, inclusive federais. Uma empresa de São Paulo especializada em museus, a Rainha de Copas, já foi acionada para implementar o plano museológico, exigência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

“Vamos pesquisar público, o entorno, o local, o corpo administrativo, a parte técnica”, explica Maria Paula Cruvinel, representante da empresa.

História hoje

Mas os apaixonados pela história ferroviária já foram contemplados, neste final de semana. Por meio de uma mostra fotográfica, por exemplo, a terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru procurou resgatar a história da ferrovia - também com objetos.

“Temos nove fotos que ficaram guardadas por mais de 70 anos, que trouxemos à luz. As originais são de seo Alípio Munhoz. Ele cedeu as imagens para a exposição. Elas mostram antigas oficinas da década de 20, antes da construção dessa estação”, comenta Ricardo Bagnato. A estação, antigo prédio da Rede Ferroviária Federal S/A, foi comprada pela administração municipal na gestão de Rodrigo Agostinho. A proposta, no entanto, é instalar o novo museu no complexo de oficinas.

Ontem, no entanto, quem abriu as portas para o público foi a própria estação. A família do jardineiro Aparecido Magalhães veio de Jundiaí para visitá-la. Ele é da Associação Jundiaiense de Ferromodelismo e Preservação Ferroviária. Aparecido e o amigo Edmilson Antonio Borssoni passaram a infância ouvindo os ruídos de trem e viajando neles. Apaixonados pelo tema, trouxeram a família para Bauru. Se o caçula dele não é assim tão vidrado por vagões, o primogênito, por coincidência, trabalha numa loja de ferromodelismo.

Aliás, as maquetes reproduzindo trechos ferroviários encantaram o público que foi ao evento e trouxe a Bauru Celso Frateschi, cuja família há 43 anos produz trens elétricos para ferromodelismo. O hobby foi transformado em negócio pelas mãos do pai dele e consegue crescer no mercado brasileiro em virtude do apreço nacional pelo tema.

Tem mais hoje

Não à toa as maquetes reproduzindo trechos ferroviários chamaram tanta atenção do público ontem e poderão ser conferidas também hoje. A terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru continua neste domingo e a entrada é franca. Além de belas, as maquetes representam investimento de tempo e dinheiro de seus proprietários. O arquiteto João Carlos Lima, por exemplo, gastou mais de R$ 5 mil para montar a sua, que tem 3 x 1,6 metros.

O projeto teve início porque ele tinha expectativa de envolver o filho, atualmente com 14 anos. O garoto não é tão estusiasta quanto o pai, que não o largou mais. Importou, inclusive, moldes americanos para fazer as rochas, por onde passam os trilhos. Orgulhoso do trabalho, veio de Bebedouro para mostrá-lo. Segundo seus apreciadores, a vantagem do hobby é que possível ampliá-lo aos poucos conforme a disponibilidade orçamentária e de tempo.

Vários estandes de venda e troca de materiais temáticos foram espalhados pela estação de Bauru para contemplar também clubes e associações de ferromodelismo. A terceira edição do Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru é um evento realizado pela Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru, Jornal da Cidade, Prefeitura Municipal de Bauru e Museu Ferroviário Regional de Bauru.

Também participa do evento o Cine Clube, que marca sua presença com filmes sobre a temática ferroviária. A locomotiva 278, mais conhecida como Maria-Fumaça, continua hoje em exposição nas gares da Estação Ferroviária, entretanto, não haverá passeio.

Grupos regionais apresentam músicas, danças e o grupo teatral bauruense Arte da Desforra mantém performances. Cerca de 6 mil cartões-postais com fotos de ferrovias continuam sendo distribuídos gratuitamente. O evento vai até as 18h. A Estação Ferroviária Central de Bauru fica na Praça Machado de Mello.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

TREM TURÍSTICO - BAURU/AGUDOS


 Jornal Bom dia Bauru
Terça-feira, 21 de setembro de 2010

Projeto de trem turístico mobiliza Bauru e Agudos

Encontro no BOM DIA entre representantes das cidades define ação conjunta para Maria Fumaça voltar à ativa

Um projeto de trem histórico que começa a ser formatado pelas Prefeituras de Bauru e de Agudos vai fomentar o segmento turístico dos dois municípios.

Apoiada pelo BOM DIA, a proposta reuniu nesta terça-feira na redação do jornal o prefeito de Agudos, Everton Octaviani (PMDB), o vereador Luciano Durães, assessores e a secretária de Cultura, Janira Fainer Bastos, que compareceu com a diretora de Patrimônio Público, Cleide Biancardi, e Alex Sanches, da Divisão de Pesquisa e Documentação.

O encontro definiu que as duas prefeituras vão trabalhar em conjunto para viabilizar a circulação da Maria Fumaça 278 e seus vagões de madeira entre as duas estações, em trajeto de 23 quilômetros.

Na reunião de ontem, ficou acertado entre o prefeito e a secretária a formação de uma comissão permanente que se responsabilizará pelo estudo do projeto e seu registro na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Seus membros também se encarregarão dos contatos com representantes da ALL (América Latina Logística) e com o Ministério dos Transportes, visando buscar a solução para o tráfego do trem de turismo.

Nas próximas semanas, os prefeitos Everton Octaviani e Rodrigo Agostinho  assinarão a minuta que dará início à formação do consórcio intermunicipal.

Potenciais serão explorados

Entre as propostas discutidas na reunião desta terça no BOM DIA está a que “venderá” às agências de turismo do país o projeto do trem turístico nos mesmos moldes dos já existentes, como os de Curitiba-Paranaguá (no Paraná) e São João Del Rei-Tiradentes (em Minas Gerais).

Além de atender a demanda de passageiros das duas cidades, o projeto oferecerá um pacote turístico para visitantes que virão de outros lugares do país para o passeio.

Em Bauru, por exemplo, eles poderão conhecer o Museu Ferroviário, onde estão peças e fotografias das companhias Noroeste do Brasil, Estradas de Ferro Sorocabana e Paulista.
O receptivo também explorará outras potencialidades turísticas da cidade, como o zoológico municipal e o templo Tenri-Kyo, entre outros.

Em Agudos, os turistas vão conhecer fazendas com seus casarões centenários, o Seminário Santo Antonio e a beleza arquitetônica do centro da cidade.

“Acredito que esse projeto revolucionará o segmento turístico nas duas cidades. Será uma guinada”, comenta o prefeito de Agudos, Everton Octaviani.

Opinião do BOM DIA

Proposta movimentará o segmento turístico

O projeto que viabilizará a circulação da Maria Fumaça e seus vagões entre Bauru e Agudos vai criar nas duas cidades uma movimentação turística que trará dividendos econômicos no futuro. O apelo da composição histórica vai atrair turistas de várias regiões do país e até mesmo interessados do exterior. 
As duas prefeituras acertam ao buscar alternativas para fomentar o segmento de turismo. A estrutura está praticamente pronta e só depende de algumas adaptações.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

3.º Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru.

 
Jornal da Cidade de Bauru e região
01/09/2010

Meta da Associação de Preservação é transformar estação em ponto turístico
Além de manter o patrimônio histórico ferroviário na cidade, a meta é revitalizá-lo para que seja utilizado como ponto cultural e turístico. Exatamente para impulsionar este objetivo está programado para o mês de outubro o 3.º Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru.

O evento será realizado na Estação Ferroviária Central da cidade e contará com exposição de trens, fotos e maquetes, venda de objetos relacionados ao tema e apresentações culturais. A meta do encontro é exatamente angariar mais visitas à estação.

Em relação especificamente à revitalização total do ambiente, o vice-presidente da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo (APFFB), Ricardo Bagnato, afirma que não há previsão para que tal fato ocorra, porém, garante que tanto a prefeitura quanto as associações estão lutando pelo processo.

“As pessoas podem achar que está tudo abandonado. Mas isso ocorre porque a maioria dos equipamentos está em trâmite de transição. Queremos mudar isso. Queremos que os trens sejam utilizados com finalidade histórica e cultural. É para isso que estamos fazendo eventos como esse que será realizado em outubro”, complementa.

Vitor Oshiro

terça-feira, 29 de junho de 2010

As locomotivas e a revolução industrial

A pintura abaixo representa o início da Revolução Industrial na Inglaterra. As locomotivas simbolizam com perfeição essa época histórica caracterizada pelo surgimento das máquinas movidas a vapor.

domingo, 16 de maio de 2010

Trens


por Luiz Ramos

publicado originalmente no blog São Paulo Minha Cidade

Moro bem pertinho da estação, e o trem faz parte do meu dia a dia como faz parte do dia a dia de todas as pessoas que moram perto de linhas férreas, utilizem-se ou não deste meio de transporte, o que acontece de diferente comigo é que eu gosto de trens.

Não desses trenzinhos mixurucas que cortam nossa cidade, mas dos trens de longos percursos. Sou fascinado por obras que os têm como tema. Músicas, como "o trenzinho caipira", filmes, como "Quanto mais quente melhor", "vidas amargas", " O expresso de Chicago" ou livros , como "O homem que via o trem passar" , "Assassinato no expresso do Oriente", etc., são, para mim, inesquecíveis, às vezes nem tanto pela história que contam, mas pelo ambiente que criam, no entanto, sendo este "Santos a Jundiaí" o trem mais próximo da minha realidade, é sobre ele que quero falar, mesmo porque, em sua humildade, ele também tem este prenúncio de tristeza que envolve o tempo de partir.

Nele as tragédias, embora não sejam cercadas de glamour, ocorrem diariamente sejam roubos, assassinatos, quedas ou então pequenas tragédias pessoais como o aviltamento de pessoas que gostam de isolamento sendo forçadas a conviver, por pouco tempo que seja, nesta intimidade deprimente, neste corpo a corpo desumano.


Há também a tragédia dos meninos abandonados que perambulam pelas estações, pelos vagões e, além do trem, pelas praças, pelas ruas de todas as cidades. Poucos os notam, muitos fingem não vê-los. São quase sempre trabalhadores. Cumprem jornadas de 12, 16, 18 horas diárias.

Comem sanduíches, frutas estragadas, restos esquecidos em balcões. Alguns roubam, só alguns, porém, todos são considerados ladrões. Vivem no olho da rua, vendem o que lhes cai na mão não importando a procedência: doces, salgados, penduricalhos, animais, flores, jornais.

Quando não há o que vender, oferecem a dignidade que lhes resta ao módico preço de "um trocadinho pelo amor de Deus". Usam os olhinhos tristes, o rostinho sujo, fazem propaganda de sua alminha judiada para enternecer o contribuinte em potencial. Crianças de melhor sorte os olham com superioridade

Nas épocas eleitorais há fartura. Ganham um dinheirinho a mais distribuindo santinhos, pichando muros. Nos comícios, ouvem discursos que prometem tanto. Apenas sorriem, nada esperam, aplaudem quem lhes paga mais. Seu divertimento é pendurar-se nos trens. Espertíssimos.

Voltando aos usuários de trem, há ainda o sofrimento dos que se iniciam neste mister. A primeira constatação é de que é impossível respirar, ou pelo menos respirar normalmente.

O expandir-se natural do tórax, ao receber o ar inalado, incomoda o vizinho. Os rostos são tensos, o clima é de velório, uma revolta latente, que raramente se concretiza, paira no ar. Vez em quando gaiatos conseguem fazer aflorar um sorriso nestas caras tão sofridas, mas são sorrisos extremamente fugazes.

A aproximação de uma nova estação é um tormento, saem 5 entram 50. A turba, como uma onda, um estouro de boiada, avança sobre os incautos que postam-se junto às portas. Quando o trem parte novamente o espaço, já tão exíguo, torna-se absurdo.

Pessoas magras, frágeis são literalmente arrancadas do piso da composição. Viajam suspensas, prensadas no ar entre corpos. Um marreteiro mais abusado tenta apregoar suas mercadorias. Desiste. É impraticável. Desconsolado, cala-se. Mulheres são encoxadas, apalpadas, olham feio. Amuam-se. Reagir contra quem se é impossível precisar quem as toca?

Na parte externa dos vagões, agarrados a lugares inimagináveis, pingentes têm seus rostos transformados, pela sujeira e opacidade dos vidros, em máscaras inumanas. Alguns sobem para o teto e, nem tão raras vezes assim, podem ser ouvidos seus gritos, seus últimos gritos.

Pelas janelas fechadas na manhã gelada, imagens tristes: Fábricas arruinadas, rios mortos, sucatas, vegetação queimada, árvores desfolhadas, carneiros sujos, galinhas de pescoço pelado, ruas, redes, fios, postes, pontes, gente com o olhar perdido, gente triste por perder o trem. Tudo passa como num sonho. As imagens correm e o trem no centro do mundo parado como as pessoas inertes que conduz, as que contém.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Nunca se case com um ferroviário

Vocês conhecem essa música?
Só pelo título ela já merece estar neste blog.

Para ver o vídeo clique aqui

Never Marry A Railroad Man

Have you been broken hearted once or twice?
If it’s yes, how did you feel at his first lies?
If it’s no, you need this good advice:
Never marry a railroad man
He loves you every now and then
His heart is at his mule train, no-no-no

Don’t fall in love with a railroad man
If you do, forget him if you can
Go better always ’round him, aaaah
Have you ever been restless in your bed?
And so lonely that your eyes became wet?

Let me tell you that one thing…
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mmm-mmm
No-no-no

Never marry a railroad man
He loves you every now and then
His heart is at his mule train, no-no-no
Don’t fall in love with a railroad man
If you do, forget him if you can
Go better always ’round him, no-no-no
No-no-no, no-no-no, no-no-no

Nunca se case com um ferroviário


Você me desiludiu uma ou duas vezes?
Se for assim, como você se sentiu em sua primeira desilusão?
Se não foi, você necessita deste bom conselho:
Nunca se case com um ferroviário
Ele te ama em um momento e então
Seu coração já parte em um trem.
Não-não-não

Não se apaixone por um ferroviário
Se você fizer isso, é melhor desistir dele
Ficará sempre melhor sem ele, Aaaah

Você sempre teve um sono agitado?
E tão solitária que seus olhos ficam marejados?
Deixe-me dizer uma coisa ...
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mmm-mmm
Não-não-não

Nunca se case com um ferroviário
Ele te ama em um momento e então
Seu coração já parte em um comboio,
Não-não-não
Não se apaixone por um ferroviário
Se você fizer isso, é melhor desistir dele
Ficará sempre melhor sem ele.
Não-não-não
Não-não-não, não, não, não, não-não-não

domingo, 25 de abril de 2010

Ceará - Viagem de trem


Viagem de Trem


Até meus vinte e poucos anos, se não me falha a memória, circulava no Ceará o trem de passageiros. Este percorria o trecho de Crato a Fortaleza, e vice- versa, passando por Aurora, minha cidade natal. Este percurso nós os fizemos por diversas ocasiões, principalmente quando da saída e do retorno das férias escolares, pois estudávamos em Fortaleza. E quando havia festa em Aurora era o nosso principal meio de transporte. Neste dia era lotação certa.

Os horários variavam muito. De início o trem saía pela madrugada, de Crato com destino à Capital Cearense. Depois mudou. Passou a pegar o trilho por volta das treze ou quatorze horas. Se eu não me engano, este foi o último horário estabelecido pela REFFESA para este percurso. Com certeza, também foi o melhor para nós que sempre nos deslocávamos para os festejos em Aurora. Daí, pegávamos o retorno pela madrugada, vindo de Fortaleza, por volta das cinco horas da manhã, já nos “finalmente” da festa.

De Crato até Aurora interpunham-se as estações de Juazeiro do Norte, Missão Velha e Ingazeiras. Dentre estas havia algumas paradas obrigatórias. Destas lembro-me somente da parada de Várzea Redonda, a qual fica entre Aurora e Ingazeiras, justamente porque embarquei lá por muitas vezes.

O transporte ferroviário era, naquele tempo, o mais em conta. Mesmo assim, para economizar e gastar no próprio refeitório do trem, em algumas ocasiões, driblávamos o cobrador, e não pagávamos a passagem, ou liquidávamos de uns e outros não, pois era muito fácil fazer isto. Noutra eu conto como fazíamos para despistá-lo. Além do mais a viagem era uma maravilha. Trafegávamos sempre em família e, freqüentemente íamos no restaurante tomando uma cervejinha, beliscando alguma coisa, conversando e, dependendo da sorte, “ficando” como se fala hoje em dia.

Este local chamado restaurante era um vagão preparado para este fim. Tinha garçom, geladeiras, cadeiras, etc., prontinho para curtirmos aquela aventura com tranqüilidade. Sacolejava muito e eventualmente tínhamos que nos agarrar ao que estava sobre a mesa. A gente já era tão conhecido, que tinha “cadeira cativa”. O bom é que, aqui e acolá, sobrava uma garota e a gente “lavava a égua”. Bebíamos e comíamos, ao mesmo tempo, até chegar à estação final.

Geralmente embarcávamos em Juazeiro do Norte. Outras vezes, em Aurora. A primeira estação, quando tomávamos o trem de ferro na Terra do Padre Cícero, era Missão Velha. Ali começávamos as comilanças. Saboreávamos a melhor macaxeira do Ceará. As pessoas comentavam que esta era cultivada dentro do cemitério local motivo daquele sabor inigualável.

Entre Missão Velha e Ingazeiras, já próximo desta, ocorria um fato curioso e pitoresco. Havia um garoto que, trajando-se de Chefe de Estação, a caráter mesmo, logo que notava a aproximação do comboio, vindo de qualquer direção e em qualquer horário, tocava um sino, semelhante ao que se fazia nas estações ferroviárias quando da partida e da chegada dos trens.

Outro fato que merece registro era o momento que o trem passava nas demais estações de seu percurso. Nas cidades pequenas como Cedro, Piquet Carneiro, Capistrano, Lavras da Mangabeira, e todas as demais do mesmo porte, esta ocasião era muito festejada. Todos se reuniam para prestigiar. Eu mesmo não perdia uma passagem de trem. Era muito divertida esta ocasião.

Este meio de transporte jamais deveria ter sido desativado no Nordeste Brasileiro. Era de baixo custo e de alto impacto sócio-econômico. Muitos o usavam para transportar pequenos animais, quantidades inexpressivas de mercadorias. Lembro-me que na estação de Juazeiro do Norte tinha até uma pequena feira livre nas chegadas e partidas dos trens de passageiros. Era um verdadeiro Mercado Persa. Ali se encontrava de tudo. Podia-se procurar que se encontrava até bainha prá foice. “Do penico à bomba atômica” esta seria e expressão mais apropriada para este evento.

No entra-e-sai, e desce e sobe das várias estações, fazíamos novas amizades e revíamos velhos amigos e companheiros. Além de alavancar o comércio com suas trocas e vendas de mercadorias as mais diversas e extravagantes possíveis, o trem de ferro sobre os trilhos de aço, num vai-e-vem apressado e impaciente, também construía muitos amores e paixões, e alavancava muitas esperanças e desilusões.

José Arimatéia de Macêdo & outras mãos...
Site: http://www.arimateia.med.br/
E-mail: arimateia@gmail.com

quinta-feira, 18 de março de 2010

Trem do Pantanal - um pouco de história


Trem do Pantanal - o resgate da história
Publicado originalmente em Overmundo

por Carol Alencar

Muito se sabe que o Trem do Pantanal sempre foi um marco de muita importância para a memória e estórias do “povo” pantaneiro.

A saudade do Trem do Pantanal bate forte nas lembranças de algumas pessoas que, na década de 60, se tornava quase incontida.

Viajantes assíduos daquele trem sacolejando os nossos sonhos, fugindo de uma paixão mal resolvida ou pelo simples fato de viajar, vem na lembrança do famoso e suculento bife a cavalo e da cerveja quente, servida no restaurante freqüentado por gringos, mochileiros e solitários.

Dos amores e desencontros nas cabines mal ventiladas. Quem não viajou no Trem do Pantanal fazendo turismo, buscando novos caminhos rumo aos Andes, ou simplesmente curtindo o romantismo de uma viajem com direito a céu estrelado, não pode imaginar como era o burburinho nas estações superlotadas, gente de todo lugar. A presença do bugre pantaneiro, de pé no chão vendendo chipa, o peixe frito e o caju ao viajante debruçado na janela. Ou o cheiro da relva molhada de orvalho, de manhã, quando estava atravessando o rio Paraguai.

São essas as lembranças de quem fazia as viagens do trem de antigamente.

Resgatando toda uma história e não podendo abandonar o turismo da região, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, lançou um projeto que é considerado um empreendimento estratégico para a economia do Estado e um elemento impulsionador de uma política social junto às comunidades da região.

O Governo Federal disponibilizou cerca de R$100 milhões para a recuperação da ferrovia, incluindo locomotivas, no trecho entre Corumbá e Bauru.

O Secretário de Infra-Estrutura e Habitação, Carlos Augusto Longo Pereira, em reunião, disse que, para que o Trem do Pantanal volte a transportar passageiros só falta reformar a estação. “É uma exigência da Agência Nacional de Transportes Terrestres que as estações ao longo dos percursos estejam em funcionamento, e que todas as passagens de nível estejam sinalizadas”, explicou.

A reforma da estação, que foi construída em 1922, vai custar R$ 96 mil e deve começar em dez dias. A conclusão está prevista para o início de abril, quando deve ser inaugurado o Trem do Pantanal com a presença do Presidente Lula.

O Trem do Pantanal irá atender a demanda de turismo entre Campo Grande e Corumbá, em uma extensão de 459 km, utilizando a malha da Ferrovia Novoeste, parceira do projeto do governo.

A princípio, o trem passará por quinze estações ferroviárias, e fará um trajeto da cidade de Corumbá a Porto Esperança. Haverá espaço para 192 passageiros, divididos em cinco vagões, e o esperado é que, em cada estação, por onde o trem percorrer, o turista encontre apresentações e exposições de cunho regional, mostrando um pouco da cultura e dos produtos pantaneiros, como danças típicas, artesanatos, comidas entre outros.

Enquanto esperamos, apenas ouvindo a canção criada por Paulo Simões e Geraldo Rocca, o Trem do Pantanal fica só na memória de uns e na ansiedade dos “novos” poderem um dia deleitar-se da viagem do famoso e estimado Trem.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Estação Paulista de Bauru - Após 100 anos, a reforma

(para ver a imagem ampliada, clique sobre ela)

Matéria originalmente publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região
19/02/2010


Após 100 anos, a reforma

Projeto de restauração na área da Estação da Paulista, que irá abrigar o MIS, foi anunciado ontem, na comemoração dos 100 anos da chegada do primeiro trem a Bauru

Karla Beraldo

Bauru comemorou ontem o centenário da chegada do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro a cidade. Além de celebrar a data, a cerimônia, realizada na plataforma da Estação Ferroviária Paulista, representou a possibilidade de novas viagens por esses trilhos.

Ao som da Orquestra Sinfônica Municipal, o projeto de restauração da área que irá abrigar o Museu da Imagem do Som (MIS) de Bauru foi anunciado e começa a sair do papel. Instalado no prédio da antiga Estação da Paulista (na esquina das ruas Júlio Prestes e Rio Branco), o espaço aguardava a liberação de R$ 396 mil em recursos, de duas emendas do Orçamento da União, destinadas à recuperação do prédio.

“A Caixa Econômica Federal (CEF) já deve liberar a verba na semana que vem para abrirmos o edital de licitação. Nossa estimativa é que de 10 a 12 meses as reformas sejam finalizadas”, afirmou o prefeito Rodrigo Agostinho sobre as obras, que incluem restauro, pintura, troca de madeiramento e fiação entre outras medidas. A previsão é que o museu seja inaugurado no primeiro semestre do ano que vem.

Além do MIS, a área irá abrigar o Museu Histórico Municipal, que, atualmente, está instalado em um imóvel da quadra 13 da rua Antônio Alves. “A intenção é ocupar o espaço com atividades culturais e turísticas, como um passeio de ligação entre o MIS e o Museu Ferroviário”, comenta Jair Aceituno, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico. Para o secretário municipal de Cultura, Pedro Romualdo, a ativação do espaço irá contribuir ainda com a revitalização do Centro da cidade.

“Nossa intenção não é dar vida só aos prédios, mas recuperar todo o ambiente ferroviário, que representa uma parte muita representativa da história de Bauru. Toda a área ao longo da ferrovia tem muitas condições de fortalecer o turismo cultural no centro e contribuir com a economia da cidade”, considera.

Além da Estação Paulista, a de Tibiriça também passará por reforma e será utilizada para atividades turísticas, culturais, esportivas e ecológicas. Já a estação de Val de Palmas, em melhor estado comparada as anteriores, será reformada com recursos da prefeitura. Há ainda, segundo Agostinho, a possibilidade da instalação do Museu do Trem, projeto em fase de discussão.

Comemoração

A comemoração dos 100 anos da chegada a Bauru do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro contou com a presença de autoridades bauruenses, funcionários da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), além de amantes da ferrovia. A cerimônia foi encerrada com o plantio de uma muda de árvore no pátio da estação pelo prefeito Rodrigo Agostinho e Valdomiro Rett, que foi funcionário da Companhia Paulista por 37 anos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

1939 - Ouro Branco em Bauru


“A Canaan dos modernos desbravadores mora no oeste acima, onde o sol é adusto e a terra jovem palpita de seiva pujante e fértil.

Deixando Rubião Junior a diluir-se, lá atraz, no fundo azul da paisagem, batida de claridade forte, as fronteiras dos rincões verazes se abrem, acolhedoras e amplas, aos olhos do viajante. O caminho corre sobre rampas, que volutam caprichosas e constantes vão vencendo velozmente.

A via permanente é uma alameda bem cuidada de jardim, calçada de pedregulho grande, enegrecido pela fuligem das locomotivas; boeiros simétricos, revestido de gramíneas repolhudas e viçosas, ora verde, ora desbotadas, correm parelha com as fitas de aço, farfalhando, pelas mãos do vento, a sua alegria saudável; a cerca de arame farpado, com moirões de guarantan, forma alas uniformes ao comboio que se engolfa sinuosamente; além, e a perder de vista, cafeeiros perfilam tranqüilamente a sua riqueza. Eis a moldura que se rasga perante as retinas do passageiro estreante.

Já ali se vai sentindo a força indômita, e construtora do escravo da gleba. A anunciar belos vaticínios. Mais tarde, a jornada se projeta na placidez de longas retas, e os trilhos parecem enterrar-se, subitamente nas entranhas da terra, lá no baratro arcual do nada. Mas o traçado e a perspectiva guardam sempre o mesmo emlevo de paisagem bem penteada. E depois a alameda do caminho de aço aponta, na frente, as portas da Canaan: Bauru.

Para quem deseja sentir o contacto daquele mundo novo, não é necessário afundar-se pelo sertão impérvio. Basta descer em Bauru.


Logo na estação ferroviária as palpitações de um comércio intenso de viadantes fala expressivamente. A plataforma em construção projeta para o alto as vigas de cimento armado e o comboio se embrenha em um aranhol confuso de andaimes e gilvazes. Ruídos de locomotivas, de sirenas, de martelos de artífices que armam o arcabouço do imenso galpão. No espaço escuro, a caliça densa. E entremeio aquela ruiva nebulosa de poeira, borbulha a multidão afoita. Respira-se já, a febre da Canaan.

A cidade tem a inquietude das grandes vésperas, dos grandes acontecimentos da humanidade; tudo é recente, transitório.

Transitório do bom para o melhor, do grande para o amplo, do rico para o suntuoso.

 
Para aquela inquietude cigana de desbravador é sempre dia, um dia sem limites, ansioso, trepidante, em que as virtudes inatas de trabalho e de realizações do homem, esporeadas pelo desejo de conquistar depressa qualquer coisa de seguro e de sólido, vive à flor dos seus gestos mais comuns.

E ao embalo desse alvoroço de fortuna fácil, a criatura se embriaga numa porfia de titans, criando os fundamentos de um mundo inédito de riqueza, de civilização e de vida. E é para essa Canaan contemporânea que a Sorocabana destina a sua expressão dinâmica mais moça: o Ouro Branco.

Os algodoais noroestinos tem agora, um símbolo próprio a riscar a distância que separa os dois grandes núcleos de trabalho, São Paulo e Noroeste, aproximando o artezão da industria e o bandeirante das terras ubertosas. A Sorocabana foi a primeira ferrovia a abicar Bauru. E é a primeira a nutrir a força propulsora econômica daquelas paragens, com o veículo novo da velocidade.
 Um símbolo moderno de transporte entre as glebas, que a vontade do homem vai rapidamente amanhecendo para grandes destinos, e a cidade paulistana. Eis o Ouro Branco.”


(texto extraído da Revista "Nossa Estrada - mensário oficial da Estrada de ferro Sorocabana - nº11 Maio de 1939)

100 anos do primeiro trem em Bauru


Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região

18/02/2010

100 anos do primeiro trem

A Secretaria Municipal de Cultura celebra hoje, às 15h, na plataforma e pátio da Estação Ferroviária Paulista de Bauru, no início da rua Rio Branco, em frente à feira do rolo, os 100 anos da chegada a Bauru do primeiro trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Na oportunidade, o prefeito Rodrigo Agostinho e o secretário de Cultura, Pedro Romualdo, apresentarão às autoridasdes bauruenses, imprensa e público interessado o projeto de recuperação da área da ferrovia e utilização cultural e turística do equipamento disponível, com abrangência local e regional.

Além dos dois museus previstos para ocupar espaços do prédio da Estação da Paulista, o complexo deverá reunir o Museu Ferroviário, o Projeto Ferrovia Para Todos e até o turismo ferroviário regional.

A homenagem ao Centenário da Ferrovia Paulsita de Bauru terá participação especial da Orquestra Sinfônica Municipal, que abrirá o evento comemorativo, cuja concretização se deu em 18 de fevereiro de 1910.

O “acontecimento” foi a “mola propulsora” do progresso de Bauru, estabelecendo a cidade como “o maior entroncamento ferroviário do Interior brasileiro”, até da América Latina.

Atualmente, o prédio da antiga estação está cedido ao município e em preparo para a instalação dos museus da Imagem e do Som e Histórico Municipal.

De acordo com Jair Aceituno, diretor do Depto de Patrimônio Histórico, a prefeitura, através da Secretaria de Cultura , já tem verbas para as reformas, resultantes de emendas parlamentares, depositadas na Caixa Econômica Federal (CEF).

domingo, 24 de janeiro de 2010

Bauru-SP - Patrimônio da ferrovia a caminho do ‘ferro-velho’




É com pesar que publico a matéria abaixo aqui. Contudo essa é a realidade de muitas ferrovias no Brasil e particularmente em Bauru -SP

Antonio Morales


Patrimônio da ferrovia a caminho do ‘ferro-velho’

Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região na edição de 23/01/2010

Rodrigo Ferrari

Parte do patrimônio das estradas de ferro paulistas corre o risco de ir parar no ferro-velho. Em Bauru, vagões e locomotivas pertencentes à antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) apodrecem ao relento no pátio de Triagem Paulista, no Jardim Guadalajara. O problema começou no final da década passada, período em que a estatal foi privatizada.

A Ferroban, vencedora da licitação para concessão da “Malha Paulista” da RFFSA, tirou de circulação as locomotivas movidas a eletricidade, utilizadas no transporte de passageiros. As velhas máquinas e os vagões obsoletos foram então deixados à própria sorte nos pátios das estações situadas ao redor do Estado.

Com o passar dos anos, o processo de deterioração desses materiais se aprofundou ainda mais. Na prática, os carros abandonados se converteram em abrigo para andarilhos, usuários de drogas e animais peçonhentos. Além disso, vagões e locomotivas tornaram-se alvos prediletos de vândalos e “garimpeiros” de sucata.

Tanto que, hoje em dia, é difícil encontrar um veículo intacto no pátio de Triagem. Aliás, o local lembra bem um corredor da morte, onde as carcaças dos trens aguardam o momento em que receberão o golpe de misericórdia a ser desferido pelo tempo - ou algum coletor de sucata.

A América latina Logística (ALL), que adquiriu o controle da Ferroban e da Novoeste (concessionária da malha da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), passou a recuperar os carros que ainda apresentavam condições de uso. Ao todo, a empresa alega já ter restaurado 6 mil vagões, desde que assumiu a concessão. Afirma ainda que pretende reformar mais 1.350 carros nos próximos anos.

Outros 639 vagões e locomotivas, cuja recuperação mostrava-se inviável, foram deixados de lado pela concessionária. A ALL alega que, atualmente, os carros obsoletos são de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Recentemente, o Ministério Público Federal determinou a remoção desse material (que estava espalhado em 34 estações ferroviárias do Estado) para três pátios, entre eles o de Triagem. A remoção vem sendo feita pela própria ALL, que afirma estar desembolsando em torno de R$ 3 milhões na operação. O Dnit, por sua vez, garante que ficará responsável pela segurança dos veículos.

Apesar do órgão publico ter se comprometido a zelar pelo patrimônio da ferrovia, a reportagem recebeu esta semana a informação de que os vagões e locomotivas estariam recebendo a visita dos “garimpeiros da sucata”. Peças, fiação e até extintores de incêndio já teriam sido furtados do local.

“Esse material é patrimônio público. Mesmo que não apresentasse condições de uso, poderia ser leiloado a fim de gerar receitas para a União”, afirma o vereador Roque Ferreira (PT), diretor do Sindicato dos Ferroviários de Bauru, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Segundo informações do Dnit, os vagões e locomotivas mantidos no pátio de Triagem serão avaliados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e posteriormente vendidos em leilão público. O processo de remoção de veículos espalhados pelo Estado está previsto para terminar em julho deste ano.

O procurador da República Pedro de Oliveira Machado afirmou ao Jornal da Cidade que, nos próximos dias, irá retomar a questão dos trens abandonados. “Precisamos checar esse assunto a fundo para garantir que esse patrimônio não se perca”, garantiu.
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Destino de peças ‘tombadas’ é incerto

Recentemente, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepac) de Bauru iniciou processo de tombamento de dez veículos que integravam o patrimônio da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), empresa liquidada no governo de Mário Covas (PSDB), depois incorporada à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) e posteriormente privatizada.

Entre os materiais em fase de tombamento constam: um guindaste GF 201, movido a vapor; um carro restaurante; um vagão dormitório; um truck de rodas raiadas; dois vagões de passageiros; um carro pullman; um carro de madeira; um vagão de manutenção e uma locomotiva a diesel.

De acordo com o presidente do Condepac, Sérgio Losnak, assim que se inicia o processo de tombamento, o proprietário torna-se obrigado a zelar pela preservação do bem. Em nota enviada à reportagem ontem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) comprometeu-se a zelar pela segurança dos veículos que integravam o patrimônio da RFFSA.

Porém, Losnak e os demais integrantes do Condepac estão apreensivos quanto ao futuro das peças mantidas no pátio de Triagem Paulista, considerado um local de “canibalismo”. “Nossa maior preocupação é retirar esse material de lá para que o patrimônio - de valor inestimável para a cidade - não se transforme em sucata”, afirma.

Segundo ele, a Prefeitura de Bauru já teria manifestado ao Dnit (por escrito, inclusive) o interesse em assumir a responsabilidade pelos veículos em fase de tombamento. O material passaria a integrar o acervo do Museu Ferroviário.

Para que essa hipótese se concretize, porém, o Município depende de aval do órgão federal. Ao que tudo indica, a transferência só acontecerá depois que as peças forem avaliadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas isso ainda não tem data prevista para ocorrer.

Enquanto a situação não se define, o patrimônio da ferrovia permanece refém dessa situação de “vácuo de responsabilidades”, correndo o risco de, mais dia menos dia, tombar literalmente sob a mão impiedosa do tempo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Bandeiras e resistência



por Antonio Morales

Esta história foi originalmente publicada no blog Arquivo 68 e é a mesma que gerou o post Ferroviários em greve.

Lendo o post do Novelino UMA BANDEIRA NO CHÁ, fragmentos da memória de um acontecido lá pelos anos 63/64 vieram à tona.

Isso porque, penso eu, a imagem da bandeira brasileira portada por ferroviários em greve tem uma certa semelhança com a bandeira balançando ao vento no Viaduto do Chá por um herói solítário e anônimo.

Tinha eu meus 14 ou 15 anos quando uma das greves dos ferroviários parou os trens da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Como de costume, alguns ferroviários, por medo ou outros motivos se tornavam os chamados “fura-greves” ou “pelegos”(termo que depois passou a ser aplicado a sindicatos que colaboravam com o Governo), estimulados pela Ferrovia, que claro, queria manter seus trens circulando a qualquer preço.

Os ” fura-greves” eram recrutados especialmente entre os maquinistas e seus ajudantes, pois eles faziam as locomotivas continuarem funcionando e os trens circulando, mesmo com falta de pessoal para as outras tarefas.

Essa situação produziu a cena!

Ferroviários em greve sentados e deitados nos trilhos e no limpatrilhos da locomotiva a vapor que avançava fumegando e ameaçando passar por cima dos grevistas.

Os ferroviários sentados no limpa-trilhos portavam uma grande bandeira brasileira e os sentados e deitados nos trilhos cantando o Hino Nacional Brasileiro a plenos pulmões.

Com um detalhe: meu pai era um dos grevistas!

Meu coração de criança acelerado pelo medo e pela emoção!
Felizmente tudo acabou bem.

O maquinista parou a locomotiva e ninguém se feriu. Prevaleceu a razão e a solidariedade, pois nesse momento o maquinista e seu ajudante se juntaram ao movimento grevista!