Era uma vez um trem que me levava todos os dias para a escola. Esse trem com locomotiva a vapor e vagões de passageiros de madeira-igualzinho àqueles que costumamos ver em filmes de John Ford, perseguidos por índios em fúria - foi um dia a Companhia Douradense de Estradas de Ferro e depois se tornou um ramal da Cia Paulista de Estradas de Ferro que ligava minha pequena cidade natal-Trabiju-SP-a Dourado-SP.
Nos anos 60, viajei diariamente nesse trem por 03 anos para frequentar a Escola Normal(curso equivalente ao curso médio que na época formava os professores primários) em Dourado-SP.
Como apenas haviam dois trens para Dourado, o de ida as 7 horas da manhã e o de volta, ás 20 horas, minha mãe preparava uma marmita com meu almoço que eu levava e aquecia para comer na hora do almoço.
O detalhe é que nesses três anos morei da estação ferroviária onde meu pai, que era ferroviário, conseguiu com as autoridades da ferrovia, um pequeno quarto com banheiro onde colocamos uma cama, para que eu pudesse pernoitar quando preciso e uma mesa para que eu pudesse estudar e redigir minhas tarefas escolares.
Como a escola era apenas meio período convivia muito com o pessoal da estação e até aprendi a utilizar o telégrafo. Quando partia o último trem à 20 horas, a estação fechava eu ficava sozinho naquele prédio enorme, apenas contando com a presença distante de um vigia das instalações que de vez em quando se animava a conversar para espantar as assombrações, cujas histórias, confesso, me causavam, ainda, calafrios naquela solidão dos trilhos e barracões sem viva alma!
Felizmente a ferrovia durou até que eu terminasse meu curso, pois logo depois os trens pararam de circular e o apito da Maria Fumaça se calou para sempre!
Tonhão
ResponderExcluirDe vez em quando passo por aqui, visitando o sítio. Conheço-te há mais de quarenta anos e não sabia dessa história.
O blog está ganhando jeito e ficando muito interessante.
Parabéns
Provavelmente há muitas coisas que você viveu que eu também não saiba! Apesar de todas as conversas há muita coisa que fica de fora!
ExcluirProvavelmente há muitas coisas que você viveu que eu também não saiba! Apesar de todas as conversas há muita coisa que fica de fora!
ExcluirOlá Tonhão,
ResponderExcluirA cada hora dá para entender melhor seu amor pelos trilhos e apitos da Maria Fumaça, que é, com certeza, reponsável por belas imagens em sua memória.
Abraços,
Orlando.
Que saudade da velha estação de Dourado-SP!
ResponderExcluirDe vez em quando bate uma saudade louca dessa época!
ResponderExcluirEssa narrativa já tem alguns anos, mas recentemente veio vivamente à memória graças á menção feita no Grupo do Facebook MEMÓRIAS DE TRABIJU-SP das brasinhas da Maria Fumaça.
ResponderExcluirOlá sou FERNANDO Alves Morali filho de Gabriel Morali, nesta epoca tinha apenas 4 anos de idade (1960).
ResponderExcluirSou natural de Trabiju hoje completo 62 anos 12/08/56 e falando do ramal trabiju Dourado, tenho lembranças do último apito da Maria fumaça (última viagem)e doi no coração.