Como já relatei em post anterior viajei por três anos todos os dias no trem que subia a serra de Trabiju a Dourado-SP, no início dos anos 60. Era a única maneira que cursar o segundo grau.
Optei pela Escola Normal, pois ao contrário do Científico e Clássico,(assim se chamavam os três anos do colégio na época) oferecia profissionalização imediata. Essa escolha ligou-me para o resto da vida à coisas da educação. Tornei-me professor primário e depois fui para a Faculdade estudar Pedagogia e passei a trabalhar como professor e posteriormente me envolvi com educação profissional. Mas isso é outra história.
Feito esse longo parêntesis, voltemos ao que queria contar, sobre minhas fumegantes viagens de trem.
Como eu disse o trem em que eu viajava subia a serra puxado por uma locomotiva a vapor, que usava toda sua potência para subir um pequeno trecho de serra. Nos trechos mais íngremes, resfolegava soltanto rolos espessos de fumaça e consumindo muita lenha. Além disso consumia areia.
Areia? podem perguntar aqueles que não conhecem essas locomotivas. Sim areia, através de um dispositivo que joga a areia nos trilhos sob as rodas de ferro para evitar que o trem patine nos trechos em que os trem percorre inclinações.
Mas o mais divertido para nós adolescentes, era que o trem subia a serra muito devagar.
Tão devagar que descíamos do trem e o acompanhávamos a pé por longos trechos. Quando ele começava a pegar velocidade de novo subíamos todos de volta e continuávamos tranquilamente nossas viagens, felizes, enquanto nossa respiração voltava ao normal após o esforço da caminhada ao lado do trem!