19/07/2015 - JC - Cultura
ABL terá sede própria na Estação Ferroviária de Bauru
Assim como outras entidades, Academia Bauruense de Letras será sediada em espaço cultural na antiga e icônica Estação Ferroviária de Bauru
Aline Mendes
Josmar Paixão, Mariluci Genovez, Orminda Camargo, Ana Maria Machado,
Maria Cristina Carvalho,
Joaquim Simões e Orlando
Alex Mita
Josefina Fraga, Mariluci Genovez, Josmar
Paixão, Ana Maria Machado,
Maria Cristina Carvalho e Orminda Camargo
após encontro no JC
para falar sobre mudança de endereço, agora,
próprio
Há tempos a população espera por um destino nobre à antiga estação
ferroviária, patrimônio histórico de Bauru. Há uma certeza: o local está
destinado a ser um espaço cultural, ainda sem nome, que irá abrigar a
sede de movimentos, grupos e entidades. Uma delas é a Academia Bauruense
de Letras que, desde a sua criação, há 22 anos, sonha com isso: uma
sede própria.
“É um momento histórico para a academia, que terá autonomia para
atividades mais permanentes, beneficiando não só seus membros, mas
também o município e a área da literatura”, afirma Elson Reis,
secretário municipal de Cultura.
O projeto já está tomando forma com a restauração do prédio. “A ocupação
da salas da NOB é um resgate da história e da cultura de nossa cidade,
enquanto revitaliza o centro comercial e velho de Bauru; desejo de
muitos bauruenses”, avalia Mariluci Genovez, membro da academia.
A também acadêmica Ana Maria Barbosa Machado reforça a importância da
boa notícia: “não é uma luta individual, mas uma conquista para a
cidade. O patrimônio cultural é preservado através das entidades
culturais”.
Visibilidade
O fato de ter uma sede fixa poderá contribuir para o trabalho da ABLetras ser visto de forma ampla.
“Os acadêmicos já colocam à disposição seus conhecimentos e capacidades para prestar serviços à comunidade.
Tendo um local próprio a população poderá se relacionar com a academia de forma mais próxima”, prevê o secretário de Cultura.
Membro da ABLetras, Maria Cristina Ehmke Carvalho, deseja que academia e
acadêmicos sejam reconhecidos e ganhem a simpatia da população. “Muita
gente não sabe que a Academia Bauruense de Letras existe nem o que
fazemos, mas não somos um grupo fechado”.
Para Orminda Machado de Camargo, também da ABLetras, a sede deve
valorizar ainda a cultura do encontro. “O estudar junto promove a
nitidez do entendimento ampliando o conhecimento”. E completa: “é um dos
nossos objetivos estimular o estudo da Língua Portuguesa e a produção
literária sob diferentes aspectos”.
Em festa
Com mais de 60 membros, entre os 34 efetivos, os honorários, os
correspondentes e os agregados, a ABLetras se reúne em uma sala
emprestada pelo Sesi.
De acordo com a “Comissão da sede própria”, formada por membros da
entidade, a academia terá duas salas grandes integradas e três menores,
que já foram pintadas e receberam piso novo; faltam ainda vidros,
iluminação e alguns detalhes.
“A sede é um sonho antigo de todos nós. Fui presidente por quatro anos,
numa época em que não tínhamos força e recursos para realizar. O que
mudou foi a união e a persistência da academia”, pontua Josefina de
Campos Fraga.
Da comunidade
A sede da ABLetras deve abrigar a biblioteca, com suas antologias, a
produção dos acadêmicos e livros em geral, incluindo um espaço de
leitura e pesquisa para visitantes. Haverá também as salas da diretoria,
do arquivo administrativo, de cursos e reuniões.
A intenção é ainda utilizar a sede para acolher lançamentos de livros de
acadêmicos e demais escritores, concursos e festivais literários,
saraus e eventos culturais, das datas comemorativas (como o dia do livro
ou do escritor) ao intercâmbio entre as academias paulistas.
Além de valorizar a leitura, reforçar expressões literárias,
compartilhar conhecimentos, dar palestras a estudantes e promover a
interatividade entre leitores e escritores, a ABLetras acredita que ter
sua sede será fundamental para outra de suas missões: apoiar novos
escritores.
“Bauru é muito rica em escritores. Muitos estão no anonimato e a
academia pode ser uma referência para eles”, comenta Josmar da Paixão.
Fala, secretário
Segundo o secretário municipal de Cultura, Elson Reis, é possível que em
setembro todos os grupos que solicitaram o espaço já estejam instalados
na antiga estação ferroviária. Além da Academia Bauruense de Letras,
haverá a sede de atividades de hip hop, ferromodelismo, preservação da
cultura negra e indígena, entre outras entidades e ações.
“Os espaços comuns serão usados para a realização de eventos e
atividades culturais. Na hora em que estiver todo mundo lá trabalhando
será bem bacana, um grande caldeirão cultural”, destaca.
Ele ainda comenta que o hall de entrada poderá ser oferecido para
artesãos e que está prevista uma área de alimentação com produtos
diferenciados. “Com o uso, naturalmente, irão surgir demandas como uma
praça de alimentação, porque terá grande movimentação de pessoas. Não
seria um mercadão como o de São Paulo, mas pontos de venda que não irão
interferir no espaço cultural, serão dimensionados dentro dessa
realidade”, informa o secretário.
Fala, presidente
Presidente da Academia Bauruense de Letras, Joaquim Simões vê na sede
própria a oportunidade para recolher e preservar – num único local – um
acervo que está “por aí”. “Todo o material histórico está espalhado”,
resume. “Não podemos perder os marcos históricos da academia”, insiste.
A mudança de sala – do Sesi Altos para o primeiro andar da estação –
facilitará, em sua avaliação, a disponibilização do material para
consulta: desde a primeira ata de reunião no início da década de 1990
até quadros e, claro, livros. Garantir a “segurança” de tudo isso é uma
preocupação de Simões – que cumpre mandato até o fim do ano. A partir de
2016, Simões deve se dedicar a outros desafios na área da literatura –
fora, portanto, da presidência da AB