sexta-feira, 30 de abril de 2010

Nunca se case com um ferroviário

Vocês conhecem essa música?
Só pelo título ela já merece estar neste blog.

Para ver o vídeo clique aqui

Never Marry A Railroad Man

Have you been broken hearted once or twice?
If it’s yes, how did you feel at his first lies?
If it’s no, you need this good advice:
Never marry a railroad man
He loves you every now and then
His heart is at his mule train, no-no-no

Don’t fall in love with a railroad man
If you do, forget him if you can
Go better always ’round him, aaaah
Have you ever been restless in your bed?
And so lonely that your eyes became wet?

Let me tell you that one thing…
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mmm-mmm
No-no-no

Never marry a railroad man
He loves you every now and then
His heart is at his mule train, no-no-no
Don’t fall in love with a railroad man
If you do, forget him if you can
Go better always ’round him, no-no-no
No-no-no, no-no-no, no-no-no

Nunca se case com um ferroviário


Você me desiludiu uma ou duas vezes?
Se for assim, como você se sentiu em sua primeira desilusão?
Se não foi, você necessita deste bom conselho:
Nunca se case com um ferroviário
Ele te ama em um momento e então
Seu coração já parte em um trem.
Não-não-não

Não se apaixone por um ferroviário
Se você fizer isso, é melhor desistir dele
Ficará sempre melhor sem ele, Aaaah

Você sempre teve um sono agitado?
E tão solitária que seus olhos ficam marejados?
Deixe-me dizer uma coisa ...
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mm-mm-mm-mm-mm
Mmm-mmm-mmm-mmm
Não-não-não

Nunca se case com um ferroviário
Ele te ama em um momento e então
Seu coração já parte em um comboio,
Não-não-não
Não se apaixone por um ferroviário
Se você fizer isso, é melhor desistir dele
Ficará sempre melhor sem ele.
Não-não-não
Não-não-não, não, não, não, não-não-não

domingo, 25 de abril de 2010

Ceará - Viagem de trem


Viagem de Trem


Até meus vinte e poucos anos, se não me falha a memória, circulava no Ceará o trem de passageiros. Este percorria o trecho de Crato a Fortaleza, e vice- versa, passando por Aurora, minha cidade natal. Este percurso nós os fizemos por diversas ocasiões, principalmente quando da saída e do retorno das férias escolares, pois estudávamos em Fortaleza. E quando havia festa em Aurora era o nosso principal meio de transporte. Neste dia era lotação certa.

Os horários variavam muito. De início o trem saía pela madrugada, de Crato com destino à Capital Cearense. Depois mudou. Passou a pegar o trilho por volta das treze ou quatorze horas. Se eu não me engano, este foi o último horário estabelecido pela REFFESA para este percurso. Com certeza, também foi o melhor para nós que sempre nos deslocávamos para os festejos em Aurora. Daí, pegávamos o retorno pela madrugada, vindo de Fortaleza, por volta das cinco horas da manhã, já nos “finalmente” da festa.

De Crato até Aurora interpunham-se as estações de Juazeiro do Norte, Missão Velha e Ingazeiras. Dentre estas havia algumas paradas obrigatórias. Destas lembro-me somente da parada de Várzea Redonda, a qual fica entre Aurora e Ingazeiras, justamente porque embarquei lá por muitas vezes.

O transporte ferroviário era, naquele tempo, o mais em conta. Mesmo assim, para economizar e gastar no próprio refeitório do trem, em algumas ocasiões, driblávamos o cobrador, e não pagávamos a passagem, ou liquidávamos de uns e outros não, pois era muito fácil fazer isto. Noutra eu conto como fazíamos para despistá-lo. Além do mais a viagem era uma maravilha. Trafegávamos sempre em família e, freqüentemente íamos no restaurante tomando uma cervejinha, beliscando alguma coisa, conversando e, dependendo da sorte, “ficando” como se fala hoje em dia.

Este local chamado restaurante era um vagão preparado para este fim. Tinha garçom, geladeiras, cadeiras, etc., prontinho para curtirmos aquela aventura com tranqüilidade. Sacolejava muito e eventualmente tínhamos que nos agarrar ao que estava sobre a mesa. A gente já era tão conhecido, que tinha “cadeira cativa”. O bom é que, aqui e acolá, sobrava uma garota e a gente “lavava a égua”. Bebíamos e comíamos, ao mesmo tempo, até chegar à estação final.

Geralmente embarcávamos em Juazeiro do Norte. Outras vezes, em Aurora. A primeira estação, quando tomávamos o trem de ferro na Terra do Padre Cícero, era Missão Velha. Ali começávamos as comilanças. Saboreávamos a melhor macaxeira do Ceará. As pessoas comentavam que esta era cultivada dentro do cemitério local motivo daquele sabor inigualável.

Entre Missão Velha e Ingazeiras, já próximo desta, ocorria um fato curioso e pitoresco. Havia um garoto que, trajando-se de Chefe de Estação, a caráter mesmo, logo que notava a aproximação do comboio, vindo de qualquer direção e em qualquer horário, tocava um sino, semelhante ao que se fazia nas estações ferroviárias quando da partida e da chegada dos trens.

Outro fato que merece registro era o momento que o trem passava nas demais estações de seu percurso. Nas cidades pequenas como Cedro, Piquet Carneiro, Capistrano, Lavras da Mangabeira, e todas as demais do mesmo porte, esta ocasião era muito festejada. Todos se reuniam para prestigiar. Eu mesmo não perdia uma passagem de trem. Era muito divertida esta ocasião.

Este meio de transporte jamais deveria ter sido desativado no Nordeste Brasileiro. Era de baixo custo e de alto impacto sócio-econômico. Muitos o usavam para transportar pequenos animais, quantidades inexpressivas de mercadorias. Lembro-me que na estação de Juazeiro do Norte tinha até uma pequena feira livre nas chegadas e partidas dos trens de passageiros. Era um verdadeiro Mercado Persa. Ali se encontrava de tudo. Podia-se procurar que se encontrava até bainha prá foice. “Do penico à bomba atômica” esta seria e expressão mais apropriada para este evento.

No entra-e-sai, e desce e sobe das várias estações, fazíamos novas amizades e revíamos velhos amigos e companheiros. Além de alavancar o comércio com suas trocas e vendas de mercadorias as mais diversas e extravagantes possíveis, o trem de ferro sobre os trilhos de aço, num vai-e-vem apressado e impaciente, também construía muitos amores e paixões, e alavancava muitas esperanças e desilusões.

José Arimatéia de Macêdo & outras mãos...
Site: http://www.arimateia.med.br/
E-mail: arimateia@gmail.com