domingo, 17 de outubro de 2010

Projeto de Museu do Trem é lançado em Bauru



Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região

Projeto de Museu do Trem é lançado em encontro ferroviário
Luciana La Fortezza

17/10/2010

Projeto de Museu do Trem é lançado em encontro ferroviário Luciana La Fortezza A terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru não só reuniu amantes do tema de todo o Estado de São Paulo como também lançou o projeto do Museu do Trem, a ser instalado em parte das antigas oficinas da Noroeste do Brasil (hoje não operacionais), em Bauru. A informação foi prestada por Ricardo Bagnato, vice-presidente da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru (APFFB) e também um dos organizadores do evento.

“A proposta do museu é contar a história das ferrovias por intermédio de exposição sistemática e dinâmica de locomotivas, carros de passageiros, vagões e equipamentos ferroviários. É um grande museu. Há dois anos trabalhamos nesse projeto. Agora estamos partindo para uma reta final de composição para buscarmos recursos e viabilizar a obra”, explica Bagnato. De acordo com ele, serão necessários investimentos de R$ 10 milhões.

“Para esse tipo de projeto é pouco porque é um mega projeto. Projetará Bauru não só em nível nacional, como internacional. Nós temos condição de fazer porque temos patrimônio histórico e acervo”, comenta. De acordo com ele, a associação e a prefeitura vão trabalhar para buscar recursos, inclusive federais. Uma empresa de São Paulo especializada em museus, a Rainha de Copas, já foi acionada para implementar o plano museológico, exigência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

“Vamos pesquisar público, o entorno, o local, o corpo administrativo, a parte técnica”, explica Maria Paula Cruvinel, representante da empresa.

História hoje

Mas os apaixonados pela história ferroviária já foram contemplados, neste final de semana. Por meio de uma mostra fotográfica, por exemplo, a terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru procurou resgatar a história da ferrovia - também com objetos.

“Temos nove fotos que ficaram guardadas por mais de 70 anos, que trouxemos à luz. As originais são de seo Alípio Munhoz. Ele cedeu as imagens para a exposição. Elas mostram antigas oficinas da década de 20, antes da construção dessa estação”, comenta Ricardo Bagnato. A estação, antigo prédio da Rede Ferroviária Federal S/A, foi comprada pela administração municipal na gestão de Rodrigo Agostinho. A proposta, no entanto, é instalar o novo museu no complexo de oficinas.

Ontem, no entanto, quem abriu as portas para o público foi a própria estação. A família do jardineiro Aparecido Magalhães veio de Jundiaí para visitá-la. Ele é da Associação Jundiaiense de Ferromodelismo e Preservação Ferroviária. Aparecido e o amigo Edmilson Antonio Borssoni passaram a infância ouvindo os ruídos de trem e viajando neles. Apaixonados pelo tema, trouxeram a família para Bauru. Se o caçula dele não é assim tão vidrado por vagões, o primogênito, por coincidência, trabalha numa loja de ferromodelismo.

Aliás, as maquetes reproduzindo trechos ferroviários encantaram o público que foi ao evento e trouxe a Bauru Celso Frateschi, cuja família há 43 anos produz trens elétricos para ferromodelismo. O hobby foi transformado em negócio pelas mãos do pai dele e consegue crescer no mercado brasileiro em virtude do apreço nacional pelo tema.

Tem mais hoje

Não à toa as maquetes reproduzindo trechos ferroviários chamaram tanta atenção do público ontem e poderão ser conferidas também hoje. A terceira edição do Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru continua neste domingo e a entrada é franca. Além de belas, as maquetes representam investimento de tempo e dinheiro de seus proprietários. O arquiteto João Carlos Lima, por exemplo, gastou mais de R$ 5 mil para montar a sua, que tem 3 x 1,6 metros.

O projeto teve início porque ele tinha expectativa de envolver o filho, atualmente com 14 anos. O garoto não é tão estusiasta quanto o pai, que não o largou mais. Importou, inclusive, moldes americanos para fazer as rochas, por onde passam os trilhos. Orgulhoso do trabalho, veio de Bebedouro para mostrá-lo. Segundo seus apreciadores, a vantagem do hobby é que possível ampliá-lo aos poucos conforme a disponibilidade orçamentária e de tempo.

Vários estandes de venda e troca de materiais temáticos foram espalhados pela estação de Bauru para contemplar também clubes e associações de ferromodelismo. A terceira edição do Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru é um evento realizado pela Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru, Jornal da Cidade, Prefeitura Municipal de Bauru e Museu Ferroviário Regional de Bauru.

Também participa do evento o Cine Clube, que marca sua presença com filmes sobre a temática ferroviária. A locomotiva 278, mais conhecida como Maria-Fumaça, continua hoje em exposição nas gares da Estação Ferroviária, entretanto, não haverá passeio.

Grupos regionais apresentam músicas, danças e o grupo teatral bauruense Arte da Desforra mantém performances. Cerca de 6 mil cartões-postais com fotos de ferrovias continuam sendo distribuídos gratuitamente. O evento vai até as 18h. A Estação Ferroviária Central de Bauru fica na Praça Machado de Mello.